quinta-feira, 7 de agosto de 2008

BDT helps Brazilian jatropha biodiesel to turn commercial

Brazil’s first commercial
jatropha biodiesel project
will go into operation this
month following the
delivery of BioDiesel
Technologies’ (BDT)
processing unit.
BDT will deliver a further four
processing units to increase
the plant capacity to 40,000 t/y
by the end of the year. The
multi-feedstock technology
provided by BDT will also
allow the use of animal tallow
for the manufacture of
biodiesel.
Local cooperatives and
small farmers in the state of
Tocantins will supply the
biodiesel facility with the
required feedstock, working
with the project operator,
Compahnhia Productora de
Biodiesel de Tocantins. The
creation of 48,000 hectares of
jatropha plantation will
improve the local agricultural
community.
Brazil has introduced
mandatory blends of 2% by
2008 and 5% by 2013 as well
as numerous tax incentives for
biodiesel producers that
source their feedstock from
local communities.
Compahnhia Productora de
Biodiesel de Tocantins is
investigating potential sites for
two projects within the region,
taking total regional production
to over 120,000 tonnes of
biodiesel a year. !
Kittiwake introduces onsite biodiesel test kit
Aspectrics to launch biofuels analysers

Spain1s Abengoa buys Dedini shares

Abengoa Bioenergy, a
subsidiary of diversified
Spanish energy company
Abengoa, has signed an
agreement to acquire the
total capital of the Dedini
Agro group of companies
for €216 million.
Dedini Agro is one of the
companies in the Brazilian
bioethanol and sugar market. It
is dedicated to the cultivation
and processing of sugarcane
and the production of
bioethanol with two production
facilities in the State of Sao
Paolo.
Abengoa Bioenergy’s
acquisition introduces it to one
of the world's major
bioethanol markets with a
2006 annual production of
17,500 million litres.
It is now the only company to
be present in the world's three
major bioethanol markets: the
US, Brazil and Europe.
Following the integration of
Dedini Agro, Abengoa
Bioenergy aims to increase
production levels at the existing
facilities in Brazil, to develop a
new facility, and achieve more
effective international
marketing of the bioethanol
produced in Brazil.
Abengoa Bioenergy will
increase production by using
the cellulosic bioethanol
technology it is developing.

Goldman Sachs invests $400mi in Brazil ethanol

US investment bank
Goldman Sachs is set to
invest 400 million reais
(€156 million) in Brazil’s
second largest sugar
and ethanol producer
Santelisa Vale.
Santelisa Vale will process 18
million tonnes of sugarcane this
year. The company also has
plans for six new sugar mills,
with a capacity to crush 2.5
million tonnes of cane each – a
total of 15 million tonnes.
It also has a 72% stake in
Crystalsev, a company involved
in the commercialisation of
sugar, ethanol, and electricity,
with investment in a specialised
ethanol terminal.
‘Goldman Sachs brings the
necessary expertise for us to
leverage our growth plans in
the coming years,’ Santelisa
Vale, CEO Anselmo Lopes
Rodrigues, says.
Santelisa Vale has five mills
in Brazil. Four of the new mills
will be built in partnership with
private equity funds in
Companhia Nacional de
Açúcar e Àlcool (CNAA), three
of which will be located in
Minas Gerais and one in
Goiás. The other two new
mills are Santa Vitória (in
Minas Gerais), in which the
company holds a 72% stake,
and Tropical (in Goiás), with a
50% stake.

Trading Emissions buys into Brazil biodiesel plant

Trading Emissions, a
closed-end investment
company based in the
UK, has invested $66.1
million (€48 million) in
an equity stake to fund
the construction of a
biodiesel refining plant
in Brazil.
The plant, in the state of
Goias, will produce 200,000
tonnes of biodiesel annually,
and has secured the rights to
commercialise all credits it
receives – certified emissions
reductions (CERs) – for
cutting carbon emissions from
the project.
The plant is expected to be
commissioned in July 2008.
Additionally, the project will
invest in the cultivation of
non-edible feedstock,
including jatropha, to provide
a secure and cost-effective
supply to Bionasa
Combustivel Natural, a
specially formed company.
Paulo Todaro of Mercatto
Investimentos, the investment
advisor to Bionasa, says:
‘This deal represents one of
the largest biodiesel projects
in Brazil as well as one of the
largest equity plays in this
space.’
Ricardo Nogueira of EEA
Fund Management, the
investment advisor to TEP,
adds: ‘This is a great
opportunity for Trading
Emissions to partner with one
of Brazil’s leading agricultural
players and to benefit from
the Brazilian government’s
new legislation that sets
mandatory targets for the
proportion of biodiesel to be
blended in to Brazil’s
biodiesel.’ !

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Global Ag will invest $50m in biodiesel plants in Brazil

During the Agrishow, Global Ag will invest $50 million in biodiesel plants, based on soy, cotton and sunflower.

Bahia Pulp will produce 365000t of cellulose per year

In Camacari, near Salvador, Asian group Sateri International will increase their annual production capacity from 115 to 365000 tonnes.
95% of the production is exported - good for a number 2 position as one of the leading producers of soluble eucalyptus cellulose.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Myths about eucalyptus forestry

Eucalipto - Desfazendo mitos e preconceitos
As últimas reservas naturais estão à mercê dos madeireiros inescrupulosos que, com o objetivo do lucro imediato, derrubam as melhores árvores e não se preocupam com o posterior reflorestamento. Com isso, não garantem a sustentabilidade da atividade e colocam em risco a própria sobrevivência do setor.

Com um mercado sempre crescente e cada vez mais exigente em qualidade, seria fora de propósito proibir a derrubada de matas naturais se não houvesse a alternativa de utilizar a madeira oriunda de reflorestamento. Em comparação com outras modalidades de uso da terra, o reflorestamento ou plantio comercial de espécies arbóreas é a atividade agrícola que mais se recomendada para a conservação do solo, proteção dos mananciais e a recuperação de áreas degradadas. Precisamente, por este motivo, é que se considera a silvicultura e os cultivos perenes como os mais indicados sistemas de uso da terra para regimes de clima tropical, onde são mais graves os riscos de degradação do solo através da erosão e lixiviação.

Efeito do uso do solo de perdas por Erosão
Uso do solo Perda por Erosão Tempo (anos) para desgaste de uma camade de 15 cm de solo

Terra (t/ha) Água (% de cuva)
Mata 0,0004 0,7 440.000
Pastagem 0,4 0,7 4.000
Cafezal 0,9 1,1 2.000
Algodoal 26,6 7,2 70
-Fonte: IAC Campinas (SP)

Acredita-se que, se não for cumprido um rigoroso programa de florestamento e reflorestamento, o Brasil encontrará três alternativas bastante desagradáveis e um tanto absurdas, face às excepcionais condições que o Brasil possui para produzir madeira, em larga escala:
a) Reduzir o processo de desenvolvimento, diminuindo o consumo de madeira;
b) Lançar mão das reservas naturais e, principalmente, da Floresta Amazônica;
c) Importar a madeira necessária de outros países mais previdentes, sacrificando, ainda mais, a balança de pagamentos e aumentando a dívida externa.

O Brasil é um país de dimensão continental e de condições de clima e solo altamente favoráveis para a implantação de florestas. O desenvolvimento das espécies exóticas utilizadas, principalmente o pinus e o eucalipto, demonstra resultados espetaculares, com ciclos silviculturais entre 6 e 7 anos, bem diferentes dos países de grande tradição florestal, como a Suécia, Canadá e Austrália, cujos ciclos nunca são inferiores aos 60 e 80 anos.

Além das condições naturais bem favoráveis, o Brasil possui excedentes de mão-de-obra no meio rural, bem como considerável domínio tecnológico nas atividades ligadas à formação de florestas e produção de madeira.

O eucalipto não foi escolhido por mero acaso, como o gênero potencialmente mais apropriado, mas foi uma escolha em função das inúmeras vantagens, destacando-se algumas:
a) Rápido crescimento volumétrico e potencialidade para produzir árvores com boa forma;
b) Características silviculturais desejáveis, como bom incremento, boa forma, facilidade a programas de manejo e melhoramento, tratos culturais, desbastes, desramas etc;
c) Grande plasticidade do gênero, devido à grande diversidade de espécies, adaptando-se às mais diversas condições;
d) Elevada produção de sementes e facilidade de propagação vegetativa;
e) Adequação aos mais diferentes usos industriais, com ampla aceitação no mercado.

Para o caso específico do Brasil, o eucalipto possui um caráter estratégico, uma vez que a sua madeira é responsável pelo abastecimento da maior parte do setor industrial de base florestal. Basta citar alguns números para se avaliar quão importante é a sua participação na economia nacional. Da madeira de eucalipto, atualmente, se produzem por ano, no setor de celulose, 5,4 milhões de toneladas de celulose, representando mais de 70,0% da produção nacional; número também impressionante é o setor de carvão vegetal, com uma produção anual de 18,8 milhões de m³, representando mais de 70,0% da produção nacional; outro setor importante é o de chapa de fibra, com uma produção anual de 558 mil m³, representando 100.0% da produção nacional; o setor de chapas de fibra aglomerada produz 500 mil m³, representando quase 30,0% da produção nacional.

O reflorestamento desempenha um papel importante como fator de desenvolvimento sócio-econômico em nível regional e nacional. Mais do que isto, o reflorestamento deveria ser encarado como a própria salvaguarda das reservas naturais do País. Olhado sob esse prisma, o eucalipto passa a ser uma espécie altamente ecológica, porque poupa as reservas nativas de serem utilizadas em nome do progresso de um povo. E o eucalipto, embora espécie exótica, oriunda da Austrália, é a espécie de maior presença nas atividades de reflorestamento, em função das vantagens mencionadas anteriormente.


Capacidade produtiva das principais espécies utilizadas em reflorestamento
País Espécie Produtividade (m³/ha/ano) Rotação (anos)

Brasil Pinus taeda 25 20
Brasil Pinus tropical 35 20
Brasil Eucalipto 30 7 / 14 / 21
Brasil Eucalipto (clones) 60 7 / 14 / 21
Chile Pinus radiata 25 20
Estados Unidos Pinus taeda 12 20
África do Sul Pinus patula 19 30
Escandinávia Picea abies 5 60
Suécia Coníferas 3 60

É evidente que o reflorestamento, feito sob o interesse industrial, de produzir florestas homogêneas e de grande produtividade, não substitui a floresta natural em toda sua biodiversidade. Em razão disso, alguns "arautos da Ecologia", leigos ou fanáticos, consciente ou inconscientemente, procuram maximizar os problemas e dramatizar as conseqüências. A maioria das críticas às atividades de reflorestamento é meramente poética, sem qualquer consistência técnica e é emitida por curiosos ou leigos da Ecologia, uma ciência muito importante, mas que muitos se julgam doutores sem o serem. Tais elementos se valem das falhas ocorridas na implantação e manejo dos primeiros povoamentos, quando por falta de escrúpulo e de conhecimentos técnicos, cometeram-se verdadeiros crimes contra a natureza.

Na maioria das vezes, o grande culpado pelas alterações do ambiente não é o eucalipto em si e nem a floresta, mas o próprio empresário, devido ao pouco preparo técnico.

A questão dos efeitos ambientais das plantações de eucalipto parece, hoje, tão indefinida quanto a própria origem dessas especulações. As polêmicas sobre a cultura sempre foram acirradas e há os que atribuem a ela a destruição das matas nativas, o empobrecimento do solo, o esgotamento da água e redução da biodiversidade animal e vegetal; além disso, reduz as oportunidades de trabalho na região onde é plantada, aumentando o êxodo rural. De outro lado, há os que consideram o eucalipto como a única alternativa capaz de evitar a destruição dos remanescentes de mata nativa.

Polêmicas à parte, é preciso que as questões emocionais dêem lugar a evidências científicas. Inúmeros questionamentos se fazem ao comportamento do eucalipto, em vários países. A sua natureza exótica causa arrepios naqueles nacionalistas eufóricos. Chegam, mesmo, a questionar sobre a existência de alguma espécie nativa que possa substituir a espécie "alienígena"; outros, ainda, procuram relacionar o eucalipto e a Austrália, país de origem e muito seco, e forçando uma correlação entre a árvore e o meio.

O eucalipto chegou à Europa em 1774 pela crença generalizada em seu poder milagroso contra a malária e outras doenças. Não se conhecia, à época, a etiologia da malária e o eucalipto cumpriu seu papel "milagroso", diminuindo os casos da doença, com a eliminação do encharcamento dos pântanos. Em 1871, ao contrário, a introdução do eucalipto no estado do Rio de Janeiro, no Brasil, coincidiu com um surto de febre amarela; não é preciso dizer que, em 1882, na cidade de Vassouras, todas as árvores de eucalipto foram arrancadas pelo povo como responsáveis pelo aparecimento da doença na cidade.

Um questionamento por demais importante é relacionado ao consumo de água, com a alegação de que a espécie é considerada "ressecadora de solo e precursora de desertos". Outro questionamento é quanto à sua possível influência sobre o solo, tanto do ponto de vista de proteção quanto das propriedades físicas, químicas, efeitos alelopáticos sobre a microflora e de seu esgotamento, em função da alta demanda de nutrientes pela cultura do eucalipto. Outro questionamento sobre o eucalipto é quanto à formação de monoculturas extensas, caracterizadas por apresentar baixa diversidade ecológica, resultando em instabilidade ou vulnerabilidade a mudanças climáticas ou ataque de doenças e pragas.

Não se pode perder de vista que o gênero Eucalyptus possui mais de 700 espécies, com genótipos adaptados às mais variadas condições de solo e clima. A existência essa variação intra-específica em relação aos fatores ambientais já foi confirmada para uma série imensa de espécies, sendo extremamente difícil e temerário fazer generalizações.

Parte das críticas contra o eucalipto é conseqüência de expectativas frustradas, como resultado de programas malsucedidos de reflorestamento. Especificamente, no Brasil, as falhas ocorridas na implantação e manejo dos primeiros povoamentos contribuíram para a formação de florestas desuniformes e com baixa produtividade. O insucesso dos reflorestamentos iniciais se deveu aos seguintes fatores:
a) Inexistência de trabalhos específicos que norteassem o estabelecimento de novas florestas;
b) Planejamento inadequado do uso da terra, com a utilização inadequada das áreas, da quantidade e qualidade de fertilizantes, manejo incorreto do solo, com a falta de uso de técnicas conservacionistas etc.
c) Escolha inadequada de espécies/procedências, em razão do desconhecimento das espécies, inexistência de sementes melhoradas e de programas de melhoramento etc.
d) Falhas na política, legislação e, principalmente, na fiscalização, permitindo-se a evasão de recursos, a substituição total da floresta natural pela plantada e o abandono de muitas propriedades após o segundo ano de plantio.

A despeito de muitos problemas com os reflorestamentos iniciais, a elevada demanda de matéria-prima florestal exige a implantação de monoculturas.

Porque uma cultura exótica?

O conceito de espécie exótica não deve ter limites políticos, mas apenas e estritamente ecológicos e históricos. Toda espécie requer uma série de exigências quanto aos fatores do meio. Dentro do amplo espaço ecológico, existem espaços menores que apresentam algum fator de restrição ao completo desenvolvimento da espécie, assim como existem espaços menores que apresentam um conjunto de fatores ambientais que permitem o máximo aproveitamento pela espécie. As comunidades naturais não são estáticas e a introdução de espécies exóticas é bem aceita dentro do conceito moderno da ecologia evolucionária.

Os cientistas afirmam que nem o estágio de clímax das florestas naturais é condição única para a existência de estabilidade e nem a atividade de reflorestamento com eucalipto representa uma atuação antrópica despropositada. Quando se comparam espécies agrícolas e florestais, há uma duplicidade de valores. As grandes culturas agrícolas do mundo são exóticas, sem quaisquer contestações, como é o caso do milho, trigo, arroz, batata, mandioca, café, cana-de-açúcar etc. Além do exotismo dessas culturas, não se contesta o seu impacto quanto à elevada demanda de nutrientes minerais e de irrigação, ao uso intensivo do solo, à perda de solo por erosão, ao uso de pesticidas, à adoção de monoculturas extensivas etc.

O eucalipto resseca o solo?

Qual seria o efeito da cultura de eucalipto sobre o funcionamento hidrológico? Qual seria o impacto da cultura sobre a disponibilidade de água no solo? É preciso se analisar que o fenômeno de ressecamento do solo poderia ser o resultado de uma diminuição cíclica das chuvas; poderia ser conseqüência da intensidade de uso do solo, do aumento da população e de áreas urbanizadas e industrializadas, do aumento do uso do fogo, do aumento das áreas de pastagem, fatores estes que, somados, conduzem a uma compactação e revestimento, com uma conseqüente gradual diminuição de infiltração de água no solo.

Em condições tropicais, com a estação chuvosa bem concentrada em alguns meses do ano, o funcionamento hidrológico é, normalmente, mais vulnerável aos impactos resultantes das atividades do uso da terra. Com a diminuição da infiltração, a água da chuva tende a escoar superficialmente pelo terreno, diminuindo a recarga subterrânea. O aumento da utilização dos reservatórios de água subterrânea para irrigação e abastecimento público pode contribuir para o abaixamento do lençol freático, diminuindo o fluxo das nascentes e dos cursos d´água durante a estação seca. À medida que o efeito hidrológico foi ficando mais evidente, as plantações florestais foram se tornando alvo de críticas.

Quando se analisa o balanço de água numa floresta, deve-se levar em consideração a interceptação, evaporação, transpiração e escoamento superficial da água. A maioria das críticas ao eucalipto é relativa à transpiração. Mesmo dentre as diferentes espécies do gênero Eucalyptus, existem diferenças marcantes. O Eucalyptus camaldulensis, espécie muito plantada no cerrado mineiro, onde a deficiência hídrica é elevada, apresenta uma transpiração muito baixa, quando comparada com Eucalyptus urophylla e Eucalyptus pelita. Alguns pseudocientistas chegaram a afirmar que o eucalipto poderia consumir até 360 litros de água por dia. Num espaçamento de 2 x 2 metros, isso equivaleria a uma evapotranspiração diária de 90 milímetros, o correspondente à cifra astronômica de 16.425 milímetros anuais. Por certo, tais valores são irreais e contrariam todas as bases científicas, levando-se em conta a quantidade normal de energia solar disponível para a evaporação da água, onde o limite máximo de evotranspiração anual é de 1.500 milímetros anuais e a ação dos estômatos que realiza efetivo controle biológico do processo de transpiração da planta.

Outras culturas, até mesmo anuais, como as agrícolas, demandam maior quantidade de água que o eucalipto, no período de máxima atividade vegetativa. Um dos maiores pesquisadores da área, Walter de Paula Lima, da ESALQ-USP, afirma que diferentes espécies florestais podem apresentar uma similaridade nas taxas de evotranspiração total e relaciona inúmeros trabalhos internacionais que comprovam que o controle estomático da transpiração das espécies de eucalipto é muito semelhante ao de outras espécies florestais. Os valores de perdas por interceptação nas plantações de eucaliptos são semelhantes e até menores que os observados em condições de floresta natural. Em função da alta taxa de crescimento, há uma conseqüente alta taxa de consumo de água, mas altos valores de eficiência de água do solo. Comparando-se a eficiência do uso da água, em termos de biomassa/kg de água consumida, têm-se: Pongamia pinnata, 0,8; Prosopis juliflora, 1,7; Albizzia lebbek, 1,7; Eucalyptus tereticornis, 1,9. Comparando-se a eficiência do uso da água para algumas culturas agrícolas, tem-se que, para cada quilo de água, uma produção de 0,98 grama de trigo, 0,05 grama de feijão, 1,8 grama de açúcar, 1,08 grama de milho e 0,6 grama de batata.



Extração de Nutrientes por diversas culturas
Cultura Produtividade (ha) Extração (kg/ha/ano)

Eucalipto 45 (st/ha/ano) 67,5
Cana 85 ton 301
Capim colonião 23 ton 43
Laranja 5 caixas/pé 199,4
Cacau 1,5 ton 174,2
Seringueira 0,6 ton 8,7
Café 2 ton 140,7
-Fonte: IAC Campinas (SP)

Comprovando essa eficiência no uso da água, os pesquisadores utilizaram moderadores de nêutrons para estudar o efeito das florestas homogêneas de eucalipto sobre o regime de água e verificaram que a presença de florestas de eucalipto não apresentou qualquer efeito adverso sobre o regime de água; a retirada de água coincidia com a época de maior disponibilidade e, aos primeiros sinais de seca, o eucalipto consumia menos água, restringindo a perda por transpiração.

Outros experimentos comprovaram que as florestas nativas e algumas culturas agronômicas transpiram tanto ou mais que o eucalipto. Quando comparado com duas essências nativas, o angico vermelho (Piptadenia rigida) e urundeuva (Astronium urundeuva), verificou-se igual consumo de água para todas as espécies. A alegada capacidade de crescimento em áreas encharcadas é muito restrita de algumas espécies, como Eucalyptus robusta, E. camaldulensis e E. tereticornis A quase totalidade das espécies não suportaria crescer em tais ambientes e, por certo, ali não sobreviveriam.

Caberiam inúmeros questionamentos sobre a localização, os métodos de implantação e manejo dos povoamentos, a escolha adequada das espécies e os processos de exploração, que determinam a influência de qualquer cultura sobre o ciclo hidrológico.

O eucalipto empobrece o solo?

Em função da alta taxa de crescimento, há uma conseqüente demanda de nutrientes do solo. Cabem aqui algumas perguntas: "Quanto de nutrientes a eucalipto retira do solo? Em termos comparáveis de produção de madeira, será que as plantações de eucalipto esgotariam as reservas de nutrientes do solo mais rápida ou exaustivamente que outra espécie vegetal?"

Algumas espécies são afetadas mais severamente do que outras pela deficiência nutricional e é bem possível que essa adaptação a solos de baixa fertilidade pode significar uma capacidade de sobrevivência. Embora os solos da Austrália, onde os eucaliptos ocorrem naturalmente, sejam de baixa fertilidade, não se deve entender que as espécies sejam menos exigentes em todas as circunstâncias; ao contrário, tais espécies sobrevivem em solos de baixa fertilidade, mas são bastante sensíveis à fertilização.

Quando comparado a qualquer outra cultura, o cultivo de eucalipto se mostra muito menos prejudicial ao ambiente devido aos seguintes motivos:
a) Cobertura vegetal conferindo maior proteção ao solo;
b) Maior ciclo de rotação, possibilitando o surgimento de outras plantas no interior dos plantios, formando o sub-bosque;
c) Menor necessidade de preparo do solo, devido ao longo período de rotação da cultura;
d) Menor utilização de fertilizantes;
e) Maior tolerância da cultura ao ataque de pragas e doenças, acarretando menor necessidade de utilização de defensivos químicos;

Manejo florestal adequado pode proporcionar a sobrevivência de algumas espécies animais na área de produção.


A influência dos métodos de manejo nos povoamentos florestais sobre a fertilidade do solo deve ser analisada separadamente para cada nutriente, em razão das diferenças nos processos relativos à ciclagem no ecossistema. É surpreendente a quantidade de nutrientes contidos nas folhas, ramos e casca das árvores de eucalipto.

O eucalipto é mais eficiente que as coníferas no processo relativo à ciclagem interna de nutrientes. Nos últimos anos, tem aumentado a preocupação com o manejo adequado dos resíduos de exploração. A queima, antes utilizada para a limpeza do terreno, promovia grandes perdas de nutrientes por volatilização e lixiviação, devido à liberação de nutrientes em quantidade superior à capacidade do solo, durante a ausência de vegetação responsável pela fixação da biomassa. A queima, ainda, promove uma redução drástica da matéria orgânica no solo, muito importante nas propriedades físicas, como mantenedora da fauna do solo.

A idade em que as árvores de eucalipto são cortadas guarda bastante relação com a quantidade de nutrientes que podem ser removidos do solo. Por ocasião da formação do cerne, que ocorre normalmente a partir dos oito anos de idade, os nutrientes são, normalmente, translocados da madeira, onde o cerne deverá conter menos nutrientes que o alburno. Dessa forma, o corte de árvores mais jovens deverá remover mais nutrientes que as árvores mais velhas. Rotações muito curtas exigem mais do solo e não possibilitam o retorno de folhas, galhos, casca e restos florais que ajudam a manter a floresta.


Extração de Nutrientes por diversas culturas (kg/ha/ano)
Cultura Idade (anos) N
P K Ca Mg
Eucalyptus grandis 2,5 11,2 94,9 50,0 13,1 8,1
Eucalyptus grandis 10 42,0 1,6 15,6 76,7 5,1
Eucalyptus grandis 27 16,1 0,9 11,7 36,0 6,0
Café - 93,0 4,4 127,0 10,0 9,0
Trigo - 80,0 8,0 12,0 1,0 4,0
Milho - 127,0 26,0 17,5 1,0 11,0
Batata - 81,0 18,0 159,0 10,0 4,0
Cana-de-açúcar - 208,0 22,0 200,0 153,0 67,0
-Fonte: UNESP

Experimentos conduzidos pela ESALQ, em Piracicaba, (SP) mostraram que o plantio de café "Bourbon amarelo" apresentou excelentes resultados em solos que apresentavam culturas de Eucalyptus saligna, durante trinta e três anos. Os pesquisadores dessa mesma instituição chegam a afirmar que um reflorestamento bem conduzido nunca pode ser considerado prejudicial ao meio ambiente, uma vez que as árvores protegem o solo, mais do que qualquer outro tipo de cultura e o seu vasto sistema radicular retiram os nutrientes das camadas mais profundas do solo e os depositam na superfície, através da queda das folhas, galhos e demais componentes biológicos que compõem a manta florestal. Alguns pesquisadores chegam a afirmar que as florestas de eucalipto, a partir de cinco anos, chegam a depositar sobre o solo uma quantidade de folhas, não incluindo outros detritos, equivalente ao total de detritos de uma floresta equatorial.

As técnicas utilizadas no preparo do solo, bem como nas fases de implantação, manutenção e exploração são extremamente importantes na manutenção da fertilidade do solo, contendo processos erosivos, evitando cortes rasos e garantindo a sustentabilidade, através de seguidas rotações.

O eucalipto possui efeito alelopático?

Uma das críticas ao eucalipto se relaciona ao seu possível efeito alelopático, criando no solo condições desfavoráveis ao crescimento de outras plantas ou restringindo o crescimento de certas culturas agrícolas pela proximidade da cultura de eucalipto. Algumas perguntas vêm-nos à mente: será que o efeito inibitório do campo não seria conseqüência da forte competição por água, nutrientes, luz e outros fatores do meio?

Estudos mostram que a introdução de uma espécie pode causar alguma alteração na flora local, como resultado de modificações nas condições microbiológicas do solo. Os especialistas da área são unânimes em afirmar que os alegados efeitos de alelopatia em eucalipto são, em sua maioria, devido à competição por água e nutrientes, que se estabelece durante a fase de crescimento rápido.

O eucalipto reduz a diversidade animal?

A quantidade e a diversidade de espécies animais que podem ser encontradas num dado ecossistema florestal dependem do número de nichos disponíveis do habitat. Nesse caso, seja de eucalipto ou de outra cultura, qualquer monocultura é reconhecidamente menos capaz de suportar uma alta diversidade de fauna. Em geral, as monoculturas podem reduzir seriamente a quantidade de energia e de nutrientes, assim como a disponibilidade temporária de abrigo.

Segundo os especialistas da área, uma plantação florestal, em si mesma, não é uma condição de completa ausência de fauna. Os pesquisadores afirmam que os quatro requisitos básicos para a existência da fauna são; alimento, água, abrigo e condições para a procriação. As condições de habitat da fauna podem ser melhoradas com práticas de manejo florestal adequadas, através de um mosaico de talhões de diferentes idades, desde áreas recentemente cortadas até povoamentos de diferentes idades e estrutura.

Um dos problemas principais da interação produção de madeira conservação de fauna é a exigência de certas espécies animais que requerem árvores adultas ou florestas maduras, como habitat adequado. A conservação da fauna envolve cinco estratégias de ação:
a) Existência de um plano de manejo que envolva a ocorrência simultânea de talhões em diferentes estágios de desenvolvimento, com arvores adultas ao longo das plantações;
b) Aumento do período de rotação da floresta;
c) Retenção de reservas de florestas naturais sem perturbação;
d) Presença de algumas áreas abertas, sem plantio, uma vez que certas espécies dependem desse habitat para a sua procriação;
e) Constrição de açudes e represas, bem como o plantio de árvores frutíferas ao longo da área.

A manutenção de fragmentos florestais ao longo da monocultura faz com que eles atuem como áreas de dispersão e colonização de animais silvestres que, ao adentrarem nas florestas de eucalipto, darão combate aos insetos que se caracterizam como pragas comerciais. Tais fragmentos servirão, ainda, para oferecer maior segurança às florestas de eucalipto, com uma reduzida diversidade biológica, normalmente sujeitas a desequilíbrios ambientais, que resultam no aparecimento de pragas de difícil controle.

Outro aspecto está na produção de biomassa vegetal no Brasil. Devido à situação tropical predominante, onde a radiação e a temperatura influenciam na taxa de fotossíntese e, conseqüentemente, na absorção do dióxido de carbono na atmosfera, o plantio de eucalipto permite a fixação de carbono no solo, possibilita ao usuário a obtenção de madeira, para fins energéticos, que substitui os combustíveis fósseis e mantém um ciclo fechado quando transforma a madeira em carvão vegetal para operações siderúrgicas. Ou seja, libera dióxido de carbono para a atmosfera durante o processo de carbonização, mas fixa o elemento na fase florestal.

Por tudo isso, observa-se que o eucalipto, como um gênero de inúmeras espécies, não deve ser julgado indiscriminadamente como um vilão da natureza. Caberão ao empresário florestal o discernimento e o bom senso na escolha correta das espécies, na adoção de técnicas corretas de implantação, manejo e exploração, bem como um respeito aos componentes naturais que garantem a sustentabilidade da produtividade florestal. A adesão ao desenvolvimento não implica necessariamente na destruição da natureza. É de consenso que devem existir florestas artificiais de alta produtividade, que devem ser bem manejadas, para que sejam sustentáveis; paralelamente, devem existir as ares de florestas naturais, parcial ou completamente preservadas, menos produtivas e mais estáveis. Respeitando as regras mínimas de convivência com a natureza, o homem será capaz de obter lucros e garantir a sobrevivência, sem temores, das futuras gerações.

Prof. José de Castro Silva
Professor DEF/CEDAF/UFV
Universidade Federal de Viçosa
e-mail: jcastro@ufv.br


Fonte: Universidade Federal de Viçosa